Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.

Eu já havia tido experiências anteriores, levado por meu pai. Mas por ser muito novo, lembro apenas de fragmentos. E as memórias são confusas. Não lembro de muito, apenas de algumas emoções. Evidente que meu, orgulhoso de si, gosta de contar-me as histórias. Mas as memórias, na realidade, são dele, não minhas. Por isso, minha primeira vez, mesmo, oficial, considero aquela da qual tenho memórias completas, na qual pude de fato participar.

Era verão. Dia de calor, como é comum em Porto Alegre. Eu era guri, e quem me levou foi meu padrinho. Junto, estavam os dois filhos guris e o sobrinho dele. Nós quatro tínhamos aproximadamente a mesma idade, o que fazia de nós quatro excitados neófitos.

Saímos cedo, logo depois do almoço. Não faço ideia do quanto meu padrinho gastou. Apenas sei que ele pagou por tudo. Passeio no museu, presentinho na loja oficial, ingressos, refrigerantes...

Era minha primeira vez assistindo o Grêmio no Olímpico.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nascido em 4 de Julho


Hoje é aniversário do meu Vô Aldo.

Meu querido e amado Vô Aldo.

Em toda minha vida, conheci poucas pessoas que possuam uma vida rica em histórias – dramáticas, divertidas ou pitorescas. Talvez tenha sido esta vivência, doce e amarga, que tenha feito do seu coração algo grandioso. Ao menos para mim.

Nossa relação era muito mais que apenas avô e neto. Éramos amigos. Eu sou o Campeão do Vô! Ele, meu Herói... 

domingo, 13 de maio de 2012

O Prazer de Advogar

O prazer de advogar é algo, por muitos, desconhecido. Em tempos que o mercado é inundado, diariamente, por milhares de novos bacharéis em Direito – a grande maioria titulada em faculdades caça-níqueis e sem nenhum comprometimento para com a qualidade do ensino jurídico – mais e mais aventureiros ingressam na advocacia com o intuito de somar tempo para concursos públicos ou meramente fazer “bico”, desmerecendo a profissão.

A Constituição Federal reconhece a advocacia como elemento essencial para a Justiça pátria. Mais: estabelece a OAB – e os advogados, como um todo – como fundamental para a busca, defesa e perseguição da cidadania. Foram-se os tempos em que o advogado era bem remunerado. Constantes decisões e posicionamentos judiciais buscam – sabe-se lá com qual interesse – apequenar os ganhos dos advogados, com honorários aviltantes. É a humilhação imposta de forma velada pelas demais carreiras públicas judiciais. O advogado, hoje, sobrevive mais de suas ideologias do que de seus honorários.

É vivendo assim, aos trancos e barrancos, que nós, advogados, temos de encontrar forças para seguir amando a nossa profissão. E, em determinados casos, a recompensa vem, muito antes que pelo ganho pecuniário, pela satisfação de ver a justiça ser realmente atingida. Este é o caso de V.A. (o nome foi ocultado em respeito ao sigilo profissional).

Festa no Apê e as Gurias de Erechim


Houve um tempo que todos os dias eram de festa.

Era verão, evidentemente. Mais especificamente, o último verão antes de terminarmos a faculdade. Naquele ano, os pais do Beto – primo do Cebola, que passou a integrar nossa turma nos churrascos e campeonatos de videogame – decidiram não passar férias no litoral. Segundo o Beto, eles teriam comprado um chalé na Serra, ou algo do tipo. Melhor para nós. O antigo apê dos pais do Beto, localizado bem no centrinho da praia, no meio do agito, em cima da sorveteria, era só festa. Todos os dias – pelo menos, todos os dias possíveis.

Empolgados com a perspectiva de um matadouro em local nobre, combinamos todos – Julinho, Ricardo, Rafão, Cebola, Beto e eu – de tirar férias no mês de fevereiro. Emendaríamos com o Carnaval, o gran finale da maratona de agito. O apê era pequeno – um quarto sala antigo, com cozinha – mas era mais que suficiente para nossas ambições.

sábado, 21 de abril de 2012

Gaucho das Sombras - s02e03 - Diplomacia

 O Embaixador ainda tentava entender como tudo virara um caos em apenas alguns segundos. Acelerando a Yamaha 7500iE modelo Dakar, preparada para o caso de fugas de emergência, revivia aqueles momentos enquanto olhava aguçadamente em diante, na esperança de enxergar alguma patrulha caminera castelhana. Instintivamente, tocou com a mão esquerda no bolso de seu terno – arruinado pelas explosões – para garantir que o fruto de toda a operação estivesse em segurança. Ao sentir que a embalagem especial de armazenamento de tecidos biológicos estava consigo, o Embaixador voltou a acelerar. De pouco adiantaria escapar dos atacantes que praticamente destruíram o frigorífico se o maior inimigo era o sol e a radiação UV do Sertão Pampeano.

Ajustou os óculos protetores com lentes ShadowLux (parte do equipamento de rally que acompanhava a motocicleta) e começou a relembrar o acontecido. El Carnicero já tinha feito seu trabalho e estava no começo da diversão. Getúlio Borges, é bem verdade, não soltara um grito sequer durante o procedimento, o que apenas deixou el Carnicero ainda mais furioso. O Embaixador não podia deixar de apreciar o espetáculo de tortura imposta ao riograndense. Assim como não podia deixar de reconhecer que um exército construído a partir de aprimoramentos genéticos a partir das células zigóticas de Getúlio tinha o potencial de dominar impérios...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Os Camaradas

 Carnaval.

Não importava em quantos shows de rock, heavy metal ou reaggea fomo ao longo do ano. Todo verão, naquela mesma época do ano, Ricardo, Julinho, Cenoura, Rafão e eu tirávamos as camisetas Megaforce e colocávamos os colares de havaiana. Era carnaval na SAP – Sociedade dos Amigos da Praia, reconhecidamente o Maior Carnaval do Litoral Gaúcho!

Todo ano era a mesma coisa. Eu economizava a grana durante o veraneio apenas para comprar a camiseta de algum bloco e ganhar as entradas para as cinco noites de carnaval. Era o fim de inúmeras festas apenas tomando goles da cerveja dos guris – especialmente do Rafão e do Cenoura, parceiraços – e o início de altos tragos.

Porque para nós, afinal, baile de carnaval, com marchinhas e o escambal, significavam apenas duas coisas: bebida liberada e mulheres (liberadas, de preferencia).

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A Verdade

Debaixo dos litros de água quente que se despejavam do chuveiro elétrico, Cléber tentava, em vão, livrar-se daquela sensação desagradável. Desde sempre era tido por todos seus amigos e conhecidos e familiares como um exemplo de marido fiel e respeitoso. Ele mesmo sentia-se assim. Casara-se ainda quando jovem com sua alma gêmea, sua metade da laranja. Eram felizes e um casal exemplar. Jamais pensara em cometer qualquer ato que pudesse, ainda que remotamente, ser considerado uma traição. Mas tudo isso mudara. Ali, embaixo do chuveiro, Cléber revivia cada segundo daquela tarde quente. E a cada memória, sentia-se sujo, imundo, adúltero.

Ainda lutava para compreender como tudo acontecera. Foi tudo muito rápido. Cléber estava dirigindo seu carro, um confortável e elegante sedan nacional, quando viu na calçada, em frente ao banco, uma garota irresistivelmente linda. Caminhava a passos decididos, firmes, com um rebolado que Cléber pensara não existir nesse mundo. Os cabelos volumosos e negros contrastavam contra pele alva e lisa, imaculadamente perfeita. O vestido curto de verão, simples porém sensual, exibia pernas e ombros. Encimada em sapatos de salto alto, Cléber não conseguiu desviar o olhar. O mais impressionante é que nunca sentira-se atraído por mulheres mais jovens. Mas aquela ninfeta era impossível de resistir.

Sem saber de onde veio o impulso, parou o carro ao lado da moça. Ele a admirara apenas de costas, mas mesmo assim estava decidido: precisa tomar uma atitude. Que atitude? Cléber jamais fora o tipo conquistador. Seu casamento mesmo não foi iniciativa sua, precisou ser conquistado, galanteado. Cléber, no fundo de sua mente, percebia o ridículo da situação. Não sabia sequer o que dizer a uma garota.