Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

domingo, 31 de julho de 2011

A Lenda do Dragão-de-Quatro-Cabeças

 Era uma vez, em um reino há muito tempo atrás, um feiticeiro muito, muito poderoso. Seus poderes mágicos e sua sabedoria eram os maiores de todo o reino. Este Feiticeiro era o melhor amigo do Rei e por isso era seu conselheiro. Juntos eles cuidavam do bem estar de seus súditos.

Um belo dia, o Rei recebeu um mensageiro que trouxe um terrível notícia. Um dragão, enfurecido e descontrolado, estava a atacar o interior de seu país. O Rei mandou chamar seu velho amigo e lhe disse:

- Velho amigo Feiticeiro, preciso de sua mágica. Você deve conter este dragão.

- Certamente, meu amigo e meu Rei – respondeu o Feiticeiro, sem nenhum medo em sua voz. Mas esse dragão não é um dragão qualquer. Esse dragão é o amaldiçoado Dragão-de-Quatro-Cabeças, para sempre amaldiçoado com uma fome interminável. Suas quatro cabeças cospem fogo pela boca. Seus dentes são afiadíssimos. E suas línguas possuem venenos capazes de matar um homem. Eu sou muito velho para enfrentar o perigo sozinho. Para derrotar o Dragão-de-Quatro-Cabeças eu precisarei da ajuda de outros três corajosos e valorosos companheiros.


O Rei, confiante em seu velho amigo, respondeu:

- Convoque a ajuda que precisar, poderoso Feiticeiro. Qualquer um neste reino está a sua disposição.

Foi assim que o Feiticeiro convocou para enfrentar o temível Dragão-de-Quatro-Cabeças convocou o Príncipe Dourado, filho do Rei, guerreiro de inigualável coragem e exímio no uso da espada. Convocou também o Padre-Máximo, sumo-sacerdote do reino, pois somente ele poderia dar bençãos fortes o suficiente para encararem a aventura. Por último, sem que os demais pudessem compreender o motivo, escolheu uma menina ainda jovem e de orelhas pontudas, a quem chamava de sua Aprendiz. Segundo o Feiticeiro, ele vira em sua bola de cristal que as habilidades da jovem Aprendiz seriam muito valiosas se o grupo quisesse derrotar o Dragão-de-Quatro-Cabeças.

Com o adeus do Rei, o grupo partiu ainda de noite em seus cavalos em direção do perigo. O velho Feiticeiro, encarquilhado, levava apenas seu chapéu pontudo, seu cajado mágico e um livro mais antigo que o próprio tempo, onde, segundo ele, continham os feitiços necessários para derrotar dragões e outras maldades. O Príncipe Dourado, com seus cabelos finos e loiros, usava sua armadura brilhante. Carregava consigo um escudo branco e sua espada, conhecida por ser a mais afiada de todas. Cavalgando ao seu lago vinha o Padre-Máximo, robusto e com seu manto branco com símbolos sagrados. Em seu peito uma cruz de ferro lhe dava proteção, e em sua mão um incensário para dar as bençãos completava o equipamento. Por fim, a jovem Aprendiz. Leve e languida, vestia trajes de couro. Trazia consigo apenas uma pequena faca, algumas poções e uma corda.

Os quatro aventureiro cavalgaram a noite toda para salvar o reino. Pela manhã chegaram até o vilarejo ameaçado e encontraram o Dragão-de-Quatro-Cabeças. O cenário que viram era desolador: campos queimados, casas incendiadas e o gado sendo devorado pelo eternamente faminto dragão. O povoado, aterrorizado, gritava aos prantos pedindo ajuda dos quatro heróis recém-chegados.

O dragão, ao ver os quatro desafiantes indo em sua direção, olhou com seus olhos vermelhos e maus e deu um rugido, com cada uma de suas quatro bocas, que fez com que todos se ajoelhassem de puro medo. Então o Padre ergueu sua mão e distribuiu sua benção aos heróis:

- Não temeis, pois o poder divino vos irá encorajar.

O Príncipe Dourado, o mais corajoso guerreiro de todo reino recebeu a benção e desembainhou sua espada. Seu escudo e armadura, de tão brilhantes, refletiam as chamas criadas pelo Dragão-de-Quatro-Cabeças. O Príncipe atacou com sua espada de forma veloz e mortal, mas as escamas d dragão eram muito grossas. A fera, com uma de suas cabeças, atacou tentando morder o guerreiro, que se defendeu com seu escudo. O Príncipe Dourado, então, atacou novamente, cegando uma das cabeças do dragão, que em pânico cuspiu fogo com todas suas quatro bocas.

O Príncipe, engolfado pelas chamas do monstro, não entendia como ainda poderia estar vivo. Somente então viu o velho Feiticeiro ao seu lado, de olhos fechados e concentrado em palavras em língua estranha enquanto conjurava uma de suas mágicas protetoras.

O Padre, uma vez mais, levantou sua mão com seus incensos sagrados e abençoou os heróis:

- Não temeis, bravos amigos de fé, pois o fogo não vos queimará.

O terrível dragão, ao ver que seu hálito de fogo não mais poderia derrotar o grupo de heróis, partiu ao ataque com o venenos de suas línguas. A jovem aprendiz, com seus trajes leves era um alvo fácil. Uma, duas, três e quatro arremetidas, cada uma com uma cabeça diferente, tentou o dragão envenenar a Aprendiz. Porém, com graça quase sobrenatural, a pequena se desviou de cada um dos ataques entre saltos e acrobacias. O dragão, cada vez mais furioso, tentou um ataque de pura raiva contra a moça. Mas o corajoso Príncipe interceptou o dragão e lhe cortou fora uma de suas línguas venenosas.

O velho Feiticeiro, vendo a oportunidade, gritou:

- Agora!

A Aprendiz, sabedora do pleno de seu mestre, bebeu uma de suas poções, desviou-se graciosamente de cada ataque do Dragão-de-Quatro-Cabeças e pulou sobre as costas da fera, sem temer perigo algum. Com sua corda, laçou as cabeças da besta e, com enorme esforço, tomou outra de suas poções para ter força de expor os pescoços do monstro.

O Príncipe, ao reconhecer a oportunidade, atacou com sua espada afiada o ponto exposto pela Aprendiz, onde as grossas escamas do dragão eram mais frágeis. O dragão, ferido mas ainda perigoso, corcoveou e livrou-se da Aprendiz e do Príncipe, que arremessados contra uma pedra, caíram inconscientes.

Quando tudo parecia perdidos, o velho Feiticeiro abriu seu livro empoeirado e leu as Palavras do Poder. Com seu cajado, atacou o Dragão-de-Quatro-Cabeças enquanto repetia as Palavras do Poder. Um vendaval crescente se formou ao redor dos combatens. De um lado, o Dragão-de-Quatro-Cabeças, cego, sem língua, sem seu bafo de fogo, mas ainda com seus dentes perigosos. Do outro o velho Feiticeiro, cansado e sem forças de continuar em pé;

Então, de repente, uma luz imensa se formou na extremidade do cajado mágico do Feiticeiro. Com um último esforço, ele atacou com a ponta brilhante e gritou:

- Não mais ameaçarás ou causarás mal. Eu te aprisiono em forma de metal, de modo que serás útil e inofensivo para sempre.

Uma explosão se fez este foi o fim do Dragão-de-Quatro-Cabeças.

O Padre-Máximo rezou sua última benção e curou as feridas de todos os Heróis, que puderam voltar para o castelo, seguidos por todos os habitantes do reino, que vinham até a capital para celebrar a derrota do maldoso Dragão-de-Quatro-Cabeças.

Naquela noite, no salão do Rei, banquetearam sentados à mesa, tendo sobre suas cabeças o Dragão-de-Quatro-Cabeças, transformado em um magnífico lustre de cobre com quatro pontas,. de forma que cada uma das quatro bocas irradiava agora apenas luz. Uma luz que a todos protegeria do mal e da escuridão.

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