- Merda. Puta que pariu.
Os impropérios eram um desabafo. O plano de sair do continente e ingressar na Ilha de Santa Catarina através do mar, na calada da noite, não podia mais ser levado adiante. Getúlio não estava desapontado, mas sim irritado com as falhas na estratégia elaborada pelo Tenente Douglas. Na verdade, estava irritado com o próprio Tenente Douglas. A estratégia que fosse para o inferno.
Douglas era um guri de apenas dezessete anos. Alistou-se no serviço militar gaúcho com apenas quatorze anos, quando os coronéis da Brigada começaram a articular a criação de um exército insurgente. Douglas Zuchinni, ao saber do alistamento, convenceu seus pais a assinarem a autorização para a incorporação na Força Sombra, o Comando de Operações Secretas e Especiais – também chamado de Quarta Força. Disse-lhes que era uma viagem de colégio até o litoral. Apenas não podia imaginar que sua astúcia lhe renderia treinamento especial no Centro de Preparação de Oficiais das Sombras – CPOS. Desde então, nunca mais viu seus pais, em Caxias do Sul.
Agora, diante de quilômetros de praias minadas, de águas monitoradas por sensores de movimento via satélite e por sonares de sétima, o plano elaborado mostrou-se um grande fracasso. Getúlio não escondia o desprezo pelo seu recém formado oficial, ainda imberbe, cada vez que tinham que se esconder das luzes de uma das inúmeras patrulhas da Marinha Imperial.
Eles tinham poucas horas até o amanhecer, e a missão precisava ser concluída antes do nascer do sol. Getúlio sabia. Aline sabia. Douglas sabia. Todos os envolvidos sabiam. A luz do dia, além de ser um risco em si, poderia comprometer o sucesso da operação, de vital importância para os planos gauchos. O fato de o oficial responsável fracassar no desenho tático da missão representava a perda de preciosos minutos - quiçá horas.
- Piá de merda. Tu realmente achou que nós tinhamos alguma chance de cruzar o mar a nado? Me dá aqui essa porra. – Getúlio, falando de forma ríspida e entre sussurros, ignorou a hierarquia e arrancou das mãos nervosas de Douglas as cartas topográficas da região. Com a experiência de muitos anos, passou a delinear o novo plano. Quieta, Aline apenas observava. – Plano B, gurizada. O caminho por água não é mais uma opção. Teremos que optar pela boa e velha força bruta.
- Mas isso é loucura. Será suicídio. E mesmo que tenhamos sucesso em invadir a Ilha, toda a Polícia Ideológica em um raio de quilômetros estará em nossa caça.
- Tu fica quieto, fedelho, ou te racho a cara. Tu já fez merda suficiente pra uma noite. Me disseram que tu era esperto. Então cala a boca, abre os ouvidos e vê se aprende algo.
Douglas engoliu em seco. Não esperava ser acossado por um sargento, mesmo sendo ele Getúlio Borges. Olhou para a Major Straussmann, como se buscasse respaldo. O olhar que ela lhe devolveu fez sua alma gelar.
A estratégia de Getúlio não gozava de nenhuma sutileza, mas ainda assim apresentava alguma chance de sucesso. Enquanto delineava ordens e traçava o plano que levaria-os até a Sala de Comando na casa do Chefe da Polícia Ideológica para a Região Sul. Aline, sempre quieta, parecia sentir um prazer desconhecido ao observar Getúlio exercer uma dominação sobre os demais homens. Douglas e os demais concordavam e acrescentavam algumas sugestões ao plano de Getúlio. Pronto. Eles tinham um plano B e uma chance de completar a missão.
Trinta minutos depois, cinco baterias de um quilo de CL-100, cada uma vinte vezes mais potente que o antigo C4, explodiam a entrada da Ponte de Acesso 3.
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Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.
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Legal a história até aqui. Mas podia atualizar mais seguido.
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