Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

sábado, 3 de outubro de 2009

Gauchos das Sombras - Cap. 4: Novos Objetivos

O comboio militar que avançava do sul em direção ao que outrora fora a Tríplice Fronteira era impressionante. Proporcionalmente, era como se quase um terço de toda a população do novo Estado Gaúcho estivesse a serviço do Exército Farroupilha. Homens e mulheres. Somando-se os soldados aos ciborgues, o novo país teria plenas condições de manter sua insurgência contra o poderoso Império ao norte. O comboio, formado por transportes blindados de combate LAV-9 TaurusRS, apesar da defasagem tecnológica, tinha a vantagem de contar com geradores móveis de ozônio, o que permitia o avanço mesmo durante o horário crítico do meio-dia.

Na parte posterior do coboio, um furgão civil adaptado para servir ao exército farroupilha pela Motores Gerais de Gravataí sutilmente desacelerou, até finalmente parar. Em seu interior, um exaltado Getúlio Borges tentava entender o que estava acontecendo.

- Pensei que iamos para Itaipu. Qual a razão dessa parada? Em minutos ficaremos fora da área de proteção do escudo de ozônio – o timbre da voz de Getúlio demonstrava claramente sua irritação.

- E pensaste certo, Sargento Borges – a voz da Major Aline Strausmann era calma e confiante. Mesmo com o calor no interior do veículo, o alinhamento do uniforme de Aline era impecávelmente sensual. - A cúpula militar não podia correr o risco de ter os planos interceptados pelas milicias nortistas que ainda resistem. Por isso optamos por manter a real missão em segredo até este momento.

- Que real missão? Pela sutileza com que fui recrutado eu esperava ao menos saber quais minhas missões seriam.

- Getúlio – agora a voz de Aline era de deboche e escárnio – justamente pelo modo com que foste recrutado, não devias esperar nada! Apenas ordens.

O rosto de Getúlio ficou vermelho de raiva. Foi preciso usar mais do que seu treinamento militar para permanecer quieto. Quando jovem, os problemas de Getúlio com seus oficiais superiores fez com que passasse metade do serviço militar obrigatório no xadrez de sua unidade, situada em Santa Cruz do Sul. A razão pela qual permaneceu a outra metade do período em liberdade foi sua capacidade para a arte da guerra. Certa vez, em um treinamento conjunto realizado no Itaimbezinho, envolvendo todas as unidades de todo o Rio Grande do Sul das quatro forças, o cabo Borges, como era conhecido na ocasião, fora o único a receber a Estrela de Aço, ou Medalha de Honra ao Mérito Militar, para desgosto de seus comandantes. Getúlio era um soldado completo – ou quase. Faltava apenas aprender a manter a boca fechada.

- Quais são as ordens, senhora?

- Bem melhor. Toma isto – e entregou uma pasta de aço que mais parecia um prontuário médico. – Itaipu é um engodo. Com a ativação das Plantas Nucleares de Candiota I e Candiota II o Estado Gaúcho possui energia suficiente. Para que a guerra tenha um fim e possamos manter a independência, precisamos de acesso às informações da Polícia Ideológica. Somente com elas poderemos subornar o Ministro da Justiça e comprar a paz. Soldado – Aline agora empregava toda a autoridade de sua voz ao falar com o jovem à direção do veículo – leva-nos para Florianópolis. Pelas tuas habilidades e teu treinamento, Sargento, és o mais indicado para invadir a residência do Chefe da Polícia Ideológica.

Getúlio interrompeu a leitura e, com a expressão confusa, olhou para sua superiora hierárquica. Antes que pudesse perguntar algo, Major Aline Straussmann já oferecia a resposta:

- Foste escolhido, Getúlio, porque não importa o quão arriscada ou perigosa a missão seja, enquanto existir uma oferta do Generalato Argentino por tua cabeça, farás exatamente tudo o que mandarmos, da forma como queremos que faça. – Aline, acostumada a subjugar o sexo oposto, não se deu ao trabalho de disfarçar o riso no canto de seus fartos e belos lábios.

Uma vez mais com a face ruborizada pela cólera que engasgava em sua garganta, Getúlio deixou escapar um pequeno sussurro. Um pequeno, raivoso, quase inaudível comentário em conformidade com seu temperamento:

- Cadela.

- Disseste alguma coisa?

- Não, senhora. Missão dada, missão cumprida. Para Florianópolis.

************************

Nenhum comentário:

Postar um comentário