Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Gauchos das Sombras - Cap. 7: Invasão de Domicílio

Arnaldo de Sá Magalhães Sobrinho – o Arnaldinho – saboreava um fino licor de damasco com um sorriso nos lábios. A pressão de seus superiores havia diminuído, graças ao seu sucesso em Itaipu. O serviço de inteligência das Polícias Ideológicas estava certo: o Rio Grande do Sul planejava uma investida contra Itaipu I e II. Todavia, a ordem dada por Arnaldinho para o remanejamento das tropas anteriormente estacionadas em Florianópolis para a proteção das duas maiores hidrelétricas do mundo interrompei o avanço do comboio militar dos sulistas. Por certo ficaram amedontrados com as defesas planejadas, a ponto de fugirem para território argentino. O sabor da vitória era doce. E com um teor alcoólico de vinte e cinco por cento.

Arnaldinho foi até o bar que mantinha no fundo de seu escritório domiciliar para servir mais uma dose. Foi nesse momento que sua secretária particular suavemente abriu a porta. Ele nunca vira mulher mais estranha. De jeito algum poderia ser considerada bonita, e para piorar, usava roupas masculinas. Arnaldinho a havia empregado como retribuição ao lobby exercido por um dono de laboratório farmacêutico amigo de sua família em sua campanha para a chefe da Polícia Ideológica. Segundo fora informado, ela possuiria habilidades que possivelmente lhe fizesse a melhor secretária em toda a estrutura burocrática da região sul. Ali, na calada da noite, degustando seu licor de damasco, Arnaldo teve de reconhecer que ela era realmente uma excelente funcionária.

- Senhor, houve uma explosão na Ponte de Acesso 3. Alguma ordem?



- Explosão, é? – Nada deveria estragar aquele raro momento de prazer. Após refletir, com o cenho franzido, voltou a falar, sem contudo deixar de servir a bebida. – Acidental ou criminoso?

- Impossível de dizer no momento, senhor. As patrulhas de segurança não possuem treinamento específico no assunto, e os únicos especialistas que não foram deslocados para Itaipu estão de guarda no perímetro da residência.

Os especialistas da Polícia Ideológica Pan-Brasileira eram altamente qualificados. Somente os mais destacados eram permitidos nas provas de seleção. Seu treinamento abrangia noções nas mais variadas áreas, desde explosivos e táticas de combate corpo-a-corpo até psicologia avançada e contra-espionagem. Eram eles os verdadeiros mantenedores da paz e da ordem no território pan-brasileiro.

- Hmmmm. – Arnaldo não desejava que um acontecimento como esse ganhasse maiores repercussões, nem com o Governo Central, nem com a população civil. – Substitua nossa guarda por patrulheiros e mande os especialistas procederem a investigação. E peça ao setor de Controle de Informações a prepararem as notícias dos jornais de amanhã;

- Senhor, não acho prudente remover os especialis...

- Besteira. Todos os policias receberam o mesmo treinamento. E deixá-los de guarda é um desperdício de suas habilidades. Qualquer que seja o problema, as investigações dos especialistas somente terminarão quando a paz estiver assegurada. Agora vá. Avise o supervisor da segurança das minhas ordens.

A secretária saiu. Até seu caminhar era estranho. Não havia um único traço de feminilidade nela. Arnaldinho deu de ombros. Com o copo de licor novamente servido, dirigiu-se até a porta do lado oposto, que dava acesso ao seus aposentos e dormitório. Ao abri-la, deu de cara com um homem desconhecido, todo equipado e vestindo uma roupa preta. Sem que pudesse gritar por socorro e antes mesmo de deixar o cálice de licor cair no chão, ouviu o engatilhar do revólver Cambará .38 cujo cano lhe era posto entre os olhos. Com um sotaque típico do sul o invasor falou:

- Devias ter seguido o conselho da Maria Sapatão. Um pio e te racho os cornos.

Tomado pelo susto, Arnaldo tentou balbuciar algo, mas as palavras não vieram. Medo. Sem aviso, o murro desferido contra seu nariz levou o chefe da Polícia Ideológica a nocaute.

Arnaldinho caiu com o cálice ainda na mão.

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