Carnaval nunca foi a minha. Samba, axé, pagode, música brazileira, jamais foram da minha preferência. Não entendo como pode milhões de pessoas perderem seu tempo vendo gente semi-nua atravessando uma avenida de ponta a ponta em fantasias e festejando uma data que em nada remonta à origem das festividades. Afinal, Carnaval era uma festa cristã para marcar o início da quaresma. Mas ao que tudo indica, nem os padres lembram mais disso...
Enfim, Carnaval nunca foi minha praia. Mas houve um tempo em que a noite de sexta-feira, do grito de Carnaval, era de uma ansiedade. Em nossa juventude, meus amigos – não preciso dizer quem – e eu encarávamos os Bailes de Carnaval como noites mágicas. Eram Bailes como nos tempos de nossos pais, com banda, marchinhas, muita diversão. Honestamente, íamos porque queríamos a nossa chance com as gurias. Mas isso não explica a emoção que tomava conta de nós. Nós curtíamos aqueles bailes com uma solenidade espantosa.
Eu poderia dizer muitas e muitas coisas contra o Carnaval. Sobre como os axés e créus da vida estragaram uma festa que, de tão divertida, cativou até mesmo um crítico odioso como eu. Eu podia dizer que a sexualização do Carnaval, com jovens buscando apenas desculpas para extravasar os hormônios reprimidos, vulgarizou ainda mais o evento. Eu poderia perguntar como é que aguentam música ruim tanto tempo?
Mas de nada adianta.