Sentado na sacada de seu
apartamento, com a cerveja gelada na mão, Jorge olha para longe,
perdido em seus pensamentos. Enquanto a família dorme, entre um gole
e outro Jorge permite que sua mente volte no tempo. Talvez por efeito
do álcool, talvez pela nostalgia de embriagar-se sozinho, lhe voltam
lembranças que considerava a muito esquecidas. Lembranças que não
sabe precisar, exatamente, se gostaria de reviver em uma noite úmida
de verão.
Sem poder lutar com a memória, que
insiste em trazer eventos do seu passado para serem rememorados,
Jorge recosta-se na cadeira, preguiçosamente. Serve-se novamente da
cerveja, sorve um longo gole e expira demoradamente, em busca do
relaxamento.
Com os olhos sem olhar para nada em
especial, passa a remoer sua passagem da infância para a
adolescência. Aquela fase difícil para todos os jovens, ainda no
primeiro grau, que começam a sentir os efeitos da puberdade. Pois a
mente de Jorge vagou no tempo até reencontrar o seu primeiro amor.
Amor? Poder-se-ia dizer que sim, se bem que o conceito de amor em
idade tão efêmera – 11, 12, 13 anos – definitivamente não é o
mesmo da idade adulta.