Andando apressado pelos corredores da Justiça do Trabalho, Paulo sentia o nervosismo comum aos novatos. Estava em cima da hora para a sua primeira audiência como profissional autônomo. Sentia-se estranho, como se todos os demais advogados e estagiários presentes ao fórum trabalhista o estivessem olhando e, pior, julgando. Vestia um quase confortável terno preto de microfibra, desses simples e baratos de cento e noventa e nove reais, comprado na véspera com a intenção de impressionar seu cliente. Os sapatos eram os mesmos de sua formatura, mas estavam bem polidos. Na mão esquerda carregava a maleta de couro preta, já bastante gasta, que foi de seu falecido pai.
Chegou ao sexto andar do prédio dois e foi direto para o banheiro. Segundo seu relógio, ainda tinha cinco minutos antes da audiência. Para os padrões de prédios públicos com grande movimento de pessoas, aquele banheiro até que era razoavelmente limpo. Paulo de Tarso procurou um lugar para largar a sua pasta e, então, após retirar o relógio de pulso, abriu a toneira e lavou o suor do rosto. A sensação da água fria o fez relaxar e permitiu que readquirisse a tranquilidade necessária para encarar a audiência. Com o rosto ainda molhado, apoiado com as mãos na pia, olhou fixamente através do espelho nos próprios olhos.
- Eu consigo – disse, enfim, para si mesmo, pronto para voltar ao saguão de espera do andar. Somente então percebeu que o banheiro não tinha toalhas de papel...
Ainda com o rosto molhado, o apito agudo dos auto-falantes soaram. Em seguida, o pregão para sua audiência foi feito por uma suave e agradável voz feminina, que pronunciava cuidadosamente os nomes das partes.
- Atenção para a audiência das oito horas e trinta minutos. Décima quinta Vara do Trabalho. Sr. Clóvis Abreu Dilcant, reclamante, e Pasquali Empreendimentos e Construções S.A.
Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
With a little help from my friends...
“Cara, se acontecesse um cataclismo e nós ficássemos sem eletricidade, como que sobreviveríamos?”
“Como assim? Sem eletricidade por quê? Cataclismo nuclear, zumbi ou rebelião das máquinas?”
Com esse curto diálogo, Vitto e eu tentamos imaginar como seria a luta por sobrevivência, primeiro, em um ambiente moderno em que a energia elétrica não mais fosse suprida. Ou seja, permanentemente sem luz (praticamente como acontece nos verões com CEEE!).
Ocorre que sem luz é o mínimo dos nossos problemas. Por certo aconteceriam tumultos e convulsões sociais, escalada de violência urbana (sobretudo à noite), crises humanitárias em virtude das dificuldades em áreas estratégicas, principalmente na medicina... Mas a humanidade sobreviveria ao fim da eletricidade. Afinal, nosso mundo elétrico é recente, apenas trezentos anos frente à 5 mil anos de civilização humana.
A falta de luz, portanto, somente seria um dos reflexos de algo pior. E foi assim que o Vitto me lançou o desafio: imaginar como sobreviveriamos, em Porto Alegre, a um cataclismo que ameaçasse a própria existência dos seres humanos. Pensando nisso, perguntei: “cataclismo nuclear, dos zumbis ou das máquinas?”. Afinal, dependendo do acontecido mudam-se as estratégias...
“Nuclear”, me respondeu Vitto. “Guerra atômica. Inverno nuclear no mundo. Como nós vamos sobreviver em Porto Alegre?”
Respondo agora o que disse a ele. É simples. Morremos todos. Porto Alegre não possui subterrâneos, de forma que não teríamos como nos abrigar das intempéries radioativas. Como faz falta um metrô...
“Faz sentido... Zumbi, então? Qual teu plano?”
Aí o bicho pegou... Apesar de confiar que sobreviverei a um cataclismo zumbi ou das máquinas, sei que teria enormes dificuldades, inclusive sendo incapaz de evitar a morte de muitas pessoas amadas.
Acabou minha carona e o assunto, tão instigante quanto divertido, foi posto de lado. Todavia, confesso que desde que tivemos essa conversa não consegui deixar de imaginar como seria uma situação extrema, de nós, meros portoalegrenses, sobrevivermos a uma hecatombe zumbi.
Antes de me lançar ao teclado do computador e tentar escrever algo, decidi fazer um brainstorm – ou tempestade cerebral, que aliás seria um termo muito bacana em língua portuguesa... - com a ajuda de vocês, meus amigos que me prestigiam dedicando seu tempo lendo meus textos.
São questões fundamentais:
Qual o tamanho ideal de um grupo para a sobrevivência, considerando a escassez de recursos e alimentos?
Qual a melhor estratégia: guardar uma única posição ou a mobilidade?
Qual o melhor lugar para se esconder, em nossa cidade?
Como enfrentaríamos os zumbis quando o combate (ou embate, como preferirem) fosse inevitável?
Honestamente, já tenho algumas ideias, mas realmente gostaria da maior participação possível, com opiniões e argumentos (prós e contras) e assim, talvez, escrever uma história de como sobreviveremos ao cataclismo zumbi em Porto Alegre!
Saudações a todos.
P.S.: eu precisava de um título para o post, e não consigui apagar a música da minha mente. Então...
“Como assim? Sem eletricidade por quê? Cataclismo nuclear, zumbi ou rebelião das máquinas?”
Com esse curto diálogo, Vitto e eu tentamos imaginar como seria a luta por sobrevivência, primeiro, em um ambiente moderno em que a energia elétrica não mais fosse suprida. Ou seja, permanentemente sem luz (praticamente como acontece nos verões com CEEE!).
Ocorre que sem luz é o mínimo dos nossos problemas. Por certo aconteceriam tumultos e convulsões sociais, escalada de violência urbana (sobretudo à noite), crises humanitárias em virtude das dificuldades em áreas estratégicas, principalmente na medicina... Mas a humanidade sobreviveria ao fim da eletricidade. Afinal, nosso mundo elétrico é recente, apenas trezentos anos frente à 5 mil anos de civilização humana.
A falta de luz, portanto, somente seria um dos reflexos de algo pior. E foi assim que o Vitto me lançou o desafio: imaginar como sobreviveriamos, em Porto Alegre, a um cataclismo que ameaçasse a própria existência dos seres humanos. Pensando nisso, perguntei: “cataclismo nuclear, dos zumbis ou das máquinas?”. Afinal, dependendo do acontecido mudam-se as estratégias...
“Nuclear”, me respondeu Vitto. “Guerra atômica. Inverno nuclear no mundo. Como nós vamos sobreviver em Porto Alegre?”
Respondo agora o que disse a ele. É simples. Morremos todos. Porto Alegre não possui subterrâneos, de forma que não teríamos como nos abrigar das intempéries radioativas. Como faz falta um metrô...
“Faz sentido... Zumbi, então? Qual teu plano?”
Aí o bicho pegou... Apesar de confiar que sobreviverei a um cataclismo zumbi ou das máquinas, sei que teria enormes dificuldades, inclusive sendo incapaz de evitar a morte de muitas pessoas amadas.
Acabou minha carona e o assunto, tão instigante quanto divertido, foi posto de lado. Todavia, confesso que desde que tivemos essa conversa não consegui deixar de imaginar como seria uma situação extrema, de nós, meros portoalegrenses, sobrevivermos a uma hecatombe zumbi.
Antes de me lançar ao teclado do computador e tentar escrever algo, decidi fazer um brainstorm – ou tempestade cerebral, que aliás seria um termo muito bacana em língua portuguesa... - com a ajuda de vocês, meus amigos que me prestigiam dedicando seu tempo lendo meus textos.
São questões fundamentais:
Qual o tamanho ideal de um grupo para a sobrevivência, considerando a escassez de recursos e alimentos?
Qual a melhor estratégia: guardar uma única posição ou a mobilidade?
Qual o melhor lugar para se esconder, em nossa cidade?
Como enfrentaríamos os zumbis quando o combate (ou embate, como preferirem) fosse inevitável?
Honestamente, já tenho algumas ideias, mas realmente gostaria da maior participação possível, com opiniões e argumentos (prós e contras) e assim, talvez, escrever uma história de como sobreviveremos ao cataclismo zumbi em Porto Alegre!
Saudações a todos.
P.S.: eu precisava de um título para o post, e não consigui apagar a música da minha mente. Então...
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