Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

domingo, 13 de maio de 2012

O Prazer de Advogar

O prazer de advogar é algo, por muitos, desconhecido. Em tempos que o mercado é inundado, diariamente, por milhares de novos bacharéis em Direito – a grande maioria titulada em faculdades caça-níqueis e sem nenhum comprometimento para com a qualidade do ensino jurídico – mais e mais aventureiros ingressam na advocacia com o intuito de somar tempo para concursos públicos ou meramente fazer “bico”, desmerecendo a profissão.

A Constituição Federal reconhece a advocacia como elemento essencial para a Justiça pátria. Mais: estabelece a OAB – e os advogados, como um todo – como fundamental para a busca, defesa e perseguição da cidadania. Foram-se os tempos em que o advogado era bem remunerado. Constantes decisões e posicionamentos judiciais buscam – sabe-se lá com qual interesse – apequenar os ganhos dos advogados, com honorários aviltantes. É a humilhação imposta de forma velada pelas demais carreiras públicas judiciais. O advogado, hoje, sobrevive mais de suas ideologias do que de seus honorários.

É vivendo assim, aos trancos e barrancos, que nós, advogados, temos de encontrar forças para seguir amando a nossa profissão. E, em determinados casos, a recompensa vem, muito antes que pelo ganho pecuniário, pela satisfação de ver a justiça ser realmente atingida. Este é o caso de V.A. (o nome foi ocultado em respeito ao sigilo profissional).

Festa no Apê e as Gurias de Erechim


Houve um tempo que todos os dias eram de festa.

Era verão, evidentemente. Mais especificamente, o último verão antes de terminarmos a faculdade. Naquele ano, os pais do Beto – primo do Cebola, que passou a integrar nossa turma nos churrascos e campeonatos de videogame – decidiram não passar férias no litoral. Segundo o Beto, eles teriam comprado um chalé na Serra, ou algo do tipo. Melhor para nós. O antigo apê dos pais do Beto, localizado bem no centrinho da praia, no meio do agito, em cima da sorveteria, era só festa. Todos os dias – pelo menos, todos os dias possíveis.

Empolgados com a perspectiva de um matadouro em local nobre, combinamos todos – Julinho, Ricardo, Rafão, Cebola, Beto e eu – de tirar férias no mês de fevereiro. Emendaríamos com o Carnaval, o gran finale da maratona de agito. O apê era pequeno – um quarto sala antigo, com cozinha – mas era mais que suficiente para nossas ambições.