Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

S.O.S.

S.O.S.

Era tudo o que a mensagem recebida por Fabricio em seu celular dizia.

S.O.S.

Fabricio recém deitara quando o seu celular, esquecido no criado mudo, vibrou subitamente, iluminando o teto do quarto com sua luz pálida. Uma mensagem durante a madrugada costuma causar preocupações, mas aquela fez com que Fabricio perdesse o sono.

Acordado, foi até a cozinha de seu pequeno apartamento JK. Precisava refletir aquela mensagem. Abriu sua geladeira General Eletric velha de cor azul – herança de uma tia avó – e pegou uma lata de cerveja. Praguejou contra a geladeira, incapaz de gelar a cerveja.

Sentou-se à mesa da cozinha em um banco de madeira, desconfortável para um homem de um metro e noventa e cinco como ele, e serviu a cerveja – ele jurava que estava morna – em uma xícara suja esquecida ali desde o café da manhã.

S.O.S.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Gauchos das Sombras - Cap. 11: Despertar

O calor fustigante, persistente, subitamente deu lugar a uma tormenta de verão. Nada incomum, aliás. Mesmo nos dias atuais, Aline impressionava-se com a força dos temporais que se abatiam sobre o Rio Grande do Sul após dias de extremo calor.

Desde a independência, missões de sabotagem de comícios politicos contra a ordem militar consumiam suas energias. Aline chegara de sua última missão e foi direto para casa. No apartamento de Aline Straussmann, situado no Quarteirão Militar, no Nivel Superior do bairro Higienópolis, as janelas, todas elas revestidas com película de proteção balística, estavam fechadas para manter do lado de fora a chuva, tóxica devido à poluição. Chegou ensopada. Tinha apenas alguns minutos antes que que sua pele passasse a absorver as toxinas cancerígenas. Apesar do alívio no calor, a chuva era tão ou mais perigosa quanto o sol.

Após um banho revigorante, ainda nua, jogou-se na cama para um merecido descanso. Os lençóis de linho ofereciam uma sutileza peculiar no ambiente frio e estéril do apartamento de Aline. Seu corpo de pele macia e de curvas provocantes apresentava marcas típicas a todos os militares de participação ativa na guerra. Mesmo ela, uma oficial das sombras, possuía “medalhas”, incapazes, contudo, de tirar-lhe a beleza e a sensualidade.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Gauchos das Sombras - Cap. 10: Dia da Independência

O calor que se abateu em Porto Alegre nas ultimas semanas era pavoroso. Jamais a Unidade de Metereologia havia registrado temperaturas tão altas na capital dos gaúchos. As árvores sobreviviam apenas nas regiões protegidas por escudos de ozônio. Na Extrema Zona Norte, a vegetação queimava como pasto seco. Durante a onda de calor – atribuída por cientistas a uma erupção solar – a cidade ganhava vida apenas à noite.

Getúlio esperou o sol se por para sair de casa e procurar um lugar para almoçar. Era estranho ter tempo livre, mas não passava por sua cabeça reclamar da folga recebida. Após tanto tempo usando uniformes, a roupa civil parecia desconfortável. O tênis Adidas, a camiseta de futebol e até mesmo suas calças jeans haviam sido fabricadas na China. Para um homem do tamanho de Getúlio, roupas chinesas eram sempre apertadas.


Caminhando a esmo pelo Nível Inferior da Avenida Farrapos, lembrou dos momentos com seu pai e de como ele contava que um dia a cidade tivera apenas um andar. Era estranho imaginar grandes centros urbanos, como Porto Alegre, com mais de cinco milhões de habitantes, sem a construção de níveis. Na prática, alguns bairros inteiros passaram a ser subterrâneos na medida em que a cidade crescia cobrindo o céu. O Nível Inferior, portanto, guardava a antiga Porto Alegre.