Meninos em idade pré-escolar possuem uma enorme vantagem sobre homens adultos: a liberdade de chorar. Quando infantes, toleram-se as lágrimas, sejam de dor, tristeza, birra. Ou de medo, sobretudo. Porém, quando adultos, o choro é um tabu. Lágrimas não pertencem ao universo masculino. Isso não significa que homens não chorem. Muito pelo contrário – como seres humanos, homens também possuem sentimentos e, algumas vezes, choram. Mas diferentemente do sexo feminino, cada lágrima despejada por um homem é acompanhada de uma pontada de vergonha.
Desde cedo aprende-se que homens não devem chorar. Certo ou errado, é algo cultural. Chorar é sinal de fraqueza. Um homem de verdade precisa a aprender a controlar seus sentimentos e a engolir qualquer choro que possa brotar. Quando não é possível evitar, é inevitável o sentimento de fraqueza e humilhação. Não é fácil.
Se a dor é muita, é necessário ser forte e aguentar. Se a tristeza é profunda, é preciso silêncio e solidão. Se o medo faz com que as pernas fraquejem, é imperioso engolir o desespero e, contra cada fibra do seu corpo, inventar a coragem para seguir adiante. Chorar, jamais. É assim que somos educados. Não tivemos escolha.
Eu tinha cinco ou seis anos de idade. Não lembro ao certo. Era uma época feliz. Lembro perfeitamente de ser uma tarde de início de verão – ou fim de primavera. O céu estava azul, com algumas poucas nuvens brancas. Meu pai estava no pátio da chácara, já tomada pela sombra das árvores que abundavam no terreno, quando corri em sua direção. Queria, orgulhosamente, contar-lhe que meus dentes de leite estavam começando a amolecer. Na minha imaginação infantil, significava que com dentes novos eu estaria mais velho, mais pronto (sabe-se lá para o quê). Com a voz ainda aguda de menino, corri diretamente contra a barriga de meu pai e lhe contei a “novidade”:
- Pai, meus dentes tão moles!
Com uma ternura paternal nos olhos verdes, meu pai comentou em voz firme porém orgulhosa:
- É mesmo? Deixa eu ver.
Não pensei duas vezes e, olhando para cima, escancarei o maior sorriso possível, a mostrar a dentição.
Então, de súbito, senti as enormes e fortes mãos dele segurando minha cabeça. Apoiado sobre um joelho, meu pai pôs-se à mesma altura que eu. Com o polegar da mão esquerda, puxou meu lábio inferior para enxergar melhor meus dentes. E com o polegar da mão direita – um dedão que mais parece uma pilha tipo C – abarcou meus dois dentes incisivos dianteiros de baixo. Movimentou-os gentilmente para frente e para trás. Apenas alguns milímetros. Para mim, era como se fosse algo esplendoroso.
- Esses dois? - perguntou, sorrindo. Eu assenti com a cabeça.
Aconteceu tudo muito rápido. Eu podia sentir a força concentrada nas pontas dos dedos no meu crânio na medida em que meu pai segurava minha cabeça contra qualquer tentativa de movimento. Meus olhos arregalaram-se, todavia, quando o polegar-dedão-de-pilha deitou, de um único golpe, os dois dentes de leite, fazendo com que uma profusão de sangue surgisse dos buracos em minha gengiva.
Assustado e com a inesperada dor, minha visão ficou turva com as lágrimas que brotavam em meus olhos – em velocidade apenas menor que o sangue em minha boca. Meus instintos infantis me compeliam a uma única coisa: chorar. A respiração ficou ofegante. O medo estava estampado em meu rosto pálido, boquiaberto e ensaguentado. Porém, antes mesmo do primeiro soluço, o soluço inicial do choro, meu pai, com expressão austera, já em pé, disse, com uma voz terrivelmente imperativa:
- Agora tu já és homem. E homens não choram.
Babando sangue, eu consegui, não imagino como, evitar o choro. Foi a primeira vez que engoli de volta o nó na garganta. Queria deixar meu pai orgulhoso. Não que ele já não estivesse...
Ao longo dos anos, admito, algumas vezes fraquejei e sucumbi. Chorar nunca foi motivo de orgulho. Não para homens que não choram. As lágrimas precisam ser contidas. É assim que deve ser.
Porém, hoje é diferente. Lutando contra meus instintos, que forçam cada fibra do meu ser a ignorar e me distanciar de meus sentimentos como meio de evitar qualquer lágrima, hoje eu quero poder chorar em paz, em liberdade. Hoje, ao contrário de qualquer outro dia, minha alma experimenta uma alegria incontrolável, misturada com um medo inexplicável. Um orgulho e uma apreensão insuportáveis. É como se meu próprio coração estivesse prestes a explodir.
Hoje fiquei sabendo que vou ser pai!
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FILHADAPUTAAAAA!!!
ResponderExcluirVAMO COMEMORAR ISSO, PUTAQUEPARIU!!!!
ESPERO QUE TU DEIXE TUA CRIA CHORAR EM PAZ!
Espero que esse post seja parte do "por vezes estarei falando sério".
ResponderExcluirCaso não, considere-se um homem morto.
RÁ.
ResponderExcluirNão é pegadinha do pelaipe, não.
É PURA VERDADE!
mazaaaaaa
ResponderExcluirparabens!!
bebamos a isso! o quanto antes!
Dá-le! Parabéns! Thomé
ResponderExcluirO mundo está perdido! /Antônio Nunes
ResponderExcluirPedrão pega ningue! /dadão
ResponderExcluirO mais legal é que todo esse momento dá uma inspiração, uma vontade de escrever mais - sobre a gravidez e paternidade, óbvio.
ResponderExcluirMUITO AFUDÊÊÊ!!!
ResponderExcluirVAMOS TOMAR TODAS!!!
PIÁ VAI SER O MAIS ENGRAÇADO!!
Ainda não sabemos se é guri ou guria. Mas é cabeçudo(a)!
ResponderExcluir(Tita fica toda hora me dizendo que é normal, mas e daí?)
Como te disse no telefone, o importante é que seja gremista!
ResponderExcluirMAZÁÁÁÁÁ NEGO VÉIO!!!!!!!
ResponderExcluirPARABÉÉÉNS!!!!!!!!!!!!!!!
TOMARA QUE ELE SEJA MELHOR DO QUE TU, O QUE NÃO VAI SER MUITO DIFÍCIL... HAHAHAHAHA
ABRAÇÃO E PARABÉNS PRA MAMÃE TAMBÉM Q VAI TER Q AGUENTAR DOIS BEBEZÕES AGORA....
MORALES
Bah
ResponderExcluirNunca antes na história desse país meu blog teve tantos comentários...
Acho que preciso ter mais filhos!!!
Concordo, pelo menos mais um!
ResponderExcluirBeberemos a isso!!!! E um monte!!!
ResponderExcluirPedro, meu querido sobrinho! Eu e teu primo Talles estamos felizes demais! Chora, ri, comemora!! Não existe experiência mais bacana, mais rica do que esta! Bju no coração,
ResponderExcluirMarta e Talles
Que Deus abençoe essa criança!
ResponderExcluirQue ele(a) não tenha o seu cabeção... Coitada da tita!
Saúde e paz a(o) mais novo(a) Kraemer!
Abraz!
Pedro querido!!!
ResponderExcluirQue alegria! Parabéns!!
Beijo com muito carinho,
Samara
Deuszulivre!!!!!!!! Parabéns Pedrão-Chefe-da -Charanga-Chubergueana.
ResponderExcluirMacaludo.
Ae! Vamos ser titios pessoal! ;)
ResponderExcluirQuanto a mim, tu já sabe. Quando li a última frase, me emocionei e lacrimejei! Não adianta, nunca meu pai me disse que eu não podia chorar...
Parabéns aos dois e muita saúde para esse filhinho!
PS: Esse pessoal não saber postar comentários com assinatura? Desabilita comentários anônimos!
Grande pedrao Big Head!!!!
ResponderExcluirMeus Parabens por esse momento maravilhoso na vida de vcs, grande abraco/bjo a toda familia Kraemer!!!
Parabéns! E que bom que os tempos mudaram e algumas pessoas aprendem com isso!
ResponderExcluirAgora é só curtir um bom 'puro' cubano!