Se
alguém me perguntasse qual foi, eu não teria a menor dificuldade em
responder. O dia mais feliz da minha vida foi 18 de maio de 2011. O
dia em que o meu filho, Henrique, nasceu. Nada, absolutamente nada,
do que eu já vivi, antes ou depois, se compara com a emoção que me
acometeu naquela quarta-feira. O dia todo foi vivido intensamente,
muito além do que podíamos, minha esposa eu, antecipar.
O
dia começou cedo. Acordamos ainda de madrugada com a Taísa sentido
contrações e com a bolsa d'água estourando. O parto estava
agendado no hospital para o sábado, dia 21 de março, então era
óbvio que não tínhamos nos preparado. Adrenalina a mil, bolsa e
mala arrumadas às pressas, saímos de casa, rumo à maternidade, às
cinco da manhã.
A
ruas vazias e as sinaleiras em amarelo piscante favoreciam o cenário
de nervosismo. Em minutos chegamos ao hospital, ainda com a sensação
de sonolência em todos ao nosso redor.
Acordamos
a família ainda às seis. Nem pude dar bom dia, pois antes das sete
estávamos na sala de parto. E ali, naquele instante – cujo horário
preciso eu jamais terei capacidade de lembrar, tamanha minha sensação
de estar flutuando em nuvens – minha vida fez sentido. Pois se a
mãe descobre a sensação mágica durante os nove meses de gestação,
o pai somente experimenta a paternidade, de fato, quando sente aquele
pequeno, mínimo e incrivelmente firme apertãozinho de mão no dedo
indicador.
Eu
pretendia contar como foi pegar o meu bebê no colo pela primeira
vez, como foi caminhar sem tocar no chão enquanto carregava nos
braços meu mais precioso amor, mas nada disso interessa. Interessa
apenas o que eu senti. E eu nunca senti tanto amor, tanta felicidade.
Eu não sentia sequer o cansaço que meu corpo sofria pela noite não
dormida. Havia apenas um sorriso constante em meu rosto, que aparecia
por conta própria e que se elevava nas maçãs do rosto em direção
aos céus. Havia uma euforia que me dominava que me impedia de
articular decentemente qualquer frase. Mas eu sentia tudo. Eu sentia
o amor brotando magicamente, pois não há nada que se compare com a
sensação de amar um filho. Eu sentia a imensa felicidade de ver um
sonho se realizando, na linda forma de nosso príncipe. Eu vivia
intensamente cada segundo exclusivamente para meus dois amores (minha
esposa e meu filho, se não ficou claro), sem saber – ou melhor,
sem me importar – com todo o resto do mundo ao redor das paredes do
quarto que estávamos.
Desde
o momento que desejamos ser pais, passamos por diversos momentos de
dúvida se seríamos capazes de realmente concretizar o sonho. Por
mais de um ano não tivemos sucesso. Muito testes de palitinho nos
encheram de expectativas apenas para a frustração cinco minutos
após. Até que tiramos o pé do acelerador. Precisávamos relaxar. E
aí aconteceu.
Descobrir
a gravidez por acaso, pelo enjoo que a Taísa sentiu enquanto
comíamos sushi; ouvir o coraçãozinho bater pela primeira vez
durante a ecografia (e chorar, porque não me contive); a apreensão
de ver o quarto ficar pronto apenas no dia que voltamos do hospital
para casa... Tudo isto emoldura a maior emoção já sentida por mim.
O
dia foi extremamente longo. O que foi bom. A extensão daquela
experiência, que durou até as vinte e três horas daquela noite
permitiu-me saborear, até a completa exaustão, cada segundo de
felicidade proporcionada pelo nascimento do Henrique.
Lembro,
bêbado de felicidade, os comentários que eram feitos; “Aproveita,
pois passa rápido”. Passa mesmo. Meu bebê já passou (a algum
tempo) da marca de um metro de altura. Mas para sempre eu vou lembrar
daquele dia. E a sensação foi tão boa que desejava a cada instante
sentir aquela magia novamente. Sentir o mundo tornar-se efêmero
diante do milagre da vida. Descobrir que minha vida possui um
sentido maior que eu jamais imaginara.
Minha
sorte, pois serei pai de novo!
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Me fez chorar mais uma vez Pedro!! Parabéns papai! !!
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