Muito importante para todos os que lerem as postagens: por vezes estarei falando sério, postando opiniões próprias. Outras vezes estarei brincando com opiniões que poderiam ser minhas, mas não são. E por vezes postarei material totalmente fictício, frutos da imaginação e talvez um pouco influenciados pelas experiências acumuladas ao longo dos anos.
Distinguir o que é realidade e o que é ficção fica a cargo de cada um.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Minha Primeira História de Natal

Noite de Natal. Sem dúvidas, gostem ou não, a noite mais mágica do ano. Uma noite repleta de significados, e com um gostinho especial para as crianças. Pois é delas que flui a mágica e o encanto natalino. A cada ano, na virada de 24 para 25 de dezembro, a criança que existe em todos renasce e sonha com um mundo melhor. É a inocência da infância, a esperança de um futuro repleto de felicidades, que transforma a noite de todo mundo em um momento especial e inesquecível. Pela primeira vez em sua curta vida, um pequenino rapazinho, encolhido no escuro, está prestes a presenciar um milagre de Natal.

- Ho ho ho! Feliz Natal, meu querido rapazinho!

- Quem és tu? Onde estamos? Como isso é possível?

- Meu querido, eu sou Papai Noel. E vim especialmente visitar-te, pois foste um menino especial, muito bom e fez teus pais muito, muito felizes este ano. Por isso vim pessoalmente desejar-te uma Natal muito, muito feliz, cheio de saúde, paz e amor!

- Eba! Papai Noel! Mas como?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre Meninos e Meninas

Tem sujeito que nasce pra malandro. Do tipo ligeiro, que só pensa em mulher como objeto.  Como o José.

José era famoso entre os amigos por seu charme “pegador”. Galanteador, não dava ponto sem nó. Era tiro dado, jacu deitado. Dizem os incautos que teve mais de cinqüenta namoradas...

Uma bela tarde, passeando de mãos dadas com uma namoradinha, José percebeu uma sombra na sua cola. Era uma outra rapariga, chorosa, que havia tido seu coração partido pela lábia do tinhoso. Evidente que José não se intimidou com o choro da garota, mas com o irmão dela, aí é outra história...

E foi assim, fugindo de uma namorada e correndo para encontrar outra – porque José sempre disse, garboso, que nunca ficou com menos de duas namoradas na manga – que ele esbarrou em Clara. José e Clara eram amigos de longa data. Era ela quem dava cobertura ao amigo quando algo saia do controle. E nunca, nunca mesmo, Clara deu chance aos galanteios de José. Eram amigos. Ponto. Apenas bons amigos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Homens não choram

Meninos em idade pré-escolar possuem uma enorme vantagem sobre homens adultos: a liberdade de chorar. Quando infantes, toleram-se as lágrimas, sejam de dor, tristeza, birra. Ou de medo, sobretudo. Porém, quando adultos, o choro é um tabu. Lágrimas não pertencem ao universo masculino. Isso não significa que homens não chorem. Muito pelo contrário – como seres humanos, homens também possuem sentimentos e, algumas vezes, choram. Mas diferentemente do sexo feminino, cada lágrima despejada por um homem é acompanhada de uma pontada de vergonha.

Desde cedo aprende-se que homens não devem chorar. Certo ou errado, é algo cultural. Chorar é sinal de fraqueza. Um homem de verdade precisa a aprender a controlar seus sentimentos e a engolir qualquer choro que possa brotar. Quando não é possível evitar, é inevitável o sentimento de fraqueza e humilhação. Não é fácil.

Se a dor é muita, é necessário ser forte e aguentar. Se a tristeza é profunda, é preciso silêncio e solidão. Se o medo faz com que as pernas fraquejem, é imperioso engolir o desespero e, contra cada fibra do seu corpo, inventar a coragem para seguir adiante. Chorar, jamais. É assim que somos educados. Não tivemos escolha.

Eu tinha cinco ou seis anos de idade. Não lembro ao certo. Era uma época feliz. Lembro perfeitamente de ser uma tarde de início de verão – ou fim de primavera. O céu estava azul, com algumas poucas nuvens brancas. Meu pai estava no pátio da chácara, já tomada pela sombra das árvores que abundavam no terreno, quando corri em sua direção. Queria, orgulhosamente, contar-lhe que meus dentes de leite estavam começando a amolecer. Na minha imaginação infantil, significava que com dentes novos eu estaria mais velho, mais pronto (sabe-se lá para o quê). Com a voz ainda aguda de menino, corri diretamente contra a barriga de meu pai e lhe contei a “novidade”:

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Honesto e os homens baixos

Não muito longe daqui, existe uma terra muito parecida com a nossa. Uma terra fértil, onde plantando tudo dá, rica em minérios, recursos naturais, sem desastres... Um lugar excelente. Um país gigante.

Gigante mesmo. Dizem os nativos que seu povo demonstra, em sua altura, as suas virtudes. Grandes pessoas são, portanto, pessoas grandes! Ao longo da vida, as pessoas de destacadas qualidades tendem a crescer além do comum e de forma extraordinária. Quanto mais alta a pessoa, maior seu virtuosismo ético e moral. Existem em meio à população pessoas – homens e mulheres – com alturas que, para seres humanos comuns, são inimagináveis. Três, quatro, cinco metros de altura. São minoria, evidentemente, mas existem em quantidade maior do que se poderia supor. Reza a lenda que, no passado, existiram homens com mais de uma centena de metros de altura. Mas esses, infelizmente, são agora história.

Honesto nasceu nessa terra mágica. Seus pais, orgulhosos do caráter de seu filho, o batizaram com o mais adequado nome possível. Honesto sempre foi um bom menino, educado, prestativo, estudioso. Com apenas dois anos de idade, já tinha um metro e meio de altura. Aos oito, tinha a mesma altura de seu pai, alguém consideravelmente acima do padrão dos homens médios.

Ao atingir a puberdade, Honesto viu sua vida mudar. Em meio ao rápido crescimento típico dos adolescentes, surgiu um novo gigante. Aos dezoito anos, Honesto atingiu a marca dos vinte metros de altura! Virou manchete nacional: havia mais de cinqüenta anos não aparecia alguém tão alto. E Honesto não parava de crescer.

O tempo passa, o tempo voa

Não foi nada fácil encarar o tempo passar e saber que não estava eu a escrever algo para o blog.

Eram quarenta dias sem sequer por os dedos a escrever algo, qualquer coisa. Muito do que escrevo não toma forma - ou não toma a forma que eu desejo - mas mesmo assim eu sempre busco escrever, até para ver até que ponto consigo desenvolver um estilo, ou uma habilidade ou, simplesmente, criar uma disciplina.

Mas em quarenta dias, tudo que fiz foi me preocupar com o trabalho e, sobretudo, com as contas. Idéias surgiram muitas, e espero com calma transformá-las em histórias, contos, crônicas ou seja lá o que for que eu aqui escrevo.

Em meio ao primeiro e segundo turno de nossas eleições, sobretudo em meio a enormes desilusões políticas, surgiu-me a idéia de um conto alegórico, quase infantil. Decidi então, para não deixar outubro passar em branco, "por no papel" a idéia, e deixá-la crescer e tomar sua forma.

O resultado final agradou-me - embora eu desejasse que fosse ainda melhor!

Espero que aprovem o resultado.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Causídico - Episódio 2: Cartão de Visitas

Andando apressado pelos corredores da Justiça do Trabalho, Paulo sentia o nervosismo comum aos novatos. Estava em cima da hora para a sua primeira audiência como profissional autônomo. Sentia-se estranho, como se todos os demais advogados e estagiários presentes ao fórum trabalhista o estivessem olhando e, pior, julgando. Vestia um quase confortável terno preto de microfibra, desses simples e baratos de cento e noventa e nove reais, comprado na véspera com a intenção de impressionar seu cliente. Os sapatos eram os mesmos de sua formatura, mas estavam bem polidos. Na mão esquerda carregava a maleta de couro preta, já bastante gasta, que foi de seu falecido pai.

Chegou ao sexto andar do prédio dois e foi direto para o banheiro. Segundo seu relógio, ainda tinha cinco minutos antes da audiência. Para os padrões de prédios públicos com grande movimento de pessoas, aquele banheiro até que era razoavelmente limpo. Paulo de Tarso procurou um lugar para largar a sua pasta e, então, após retirar o relógio de pulso, abriu a toneira e lavou o suor do rosto. A sensação da água fria o fez relaxar e permitiu que readquirisse a tranquilidade necessária para encarar a audiência. Com o rosto ainda molhado, apoiado com as mãos na pia, olhou fixamente através do espelho nos próprios olhos.

- Eu consigo – disse, enfim, para si mesmo, pronto para voltar ao saguão de espera do andar. Somente então percebeu que o banheiro não tinha toalhas de papel...

Ainda com o rosto molhado, o apito agudo dos auto-falantes soaram. Em seguida, o pregão para sua audiência foi feito por uma suave e agradável voz feminina, que pronunciava cuidadosamente os nomes das partes.

- Atenção para a audiência das oito horas e trinta minutos. Décima quinta Vara do Trabalho. Sr. Clóvis Abreu Dilcant, reclamante, e Pasquali Empreendimentos e Construções S.A.